sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O que eu ando fazendo...

Ando fazendo tudo que qualquer médico desaconselharia a um cara de quase 45. Bebendo demais, todo dia... e fumando demais também. Ainda mais depois de hoje, quando ouvi no rádio (outra coisa que ando fazendo demais) que trocentos por cento da nossa possibilidade de ter um enfarto vem da carga genética... E afinal, mamãe se foi com 42.

Ando sonhando demais. Não aqueles sonhos que a gente sonha dormindo, porque estes geralmente têm baratas. Sonhando acordado com coisas que eu deveria ter sonhado quando eu era bem mais novo e bem menos contaminado. Sonhando com carreiras acadêmicas e cátedras só porque eu consegui, depois de 42 anos, me formar, e depois de um ano e meio terminar um mestrado.

Ando conhecendo gente feia e lugares feios demais. Isso me preocupa mais do que as outras coisas. Significa que eu ando me violentando pra me tornar agradável ou sociável. E tenho visto muito mais feiúra do que beleza nos lugares e nas pessoas. O que pode significar três coisas: que o meu nível anda baixando terrivelmente, que eu prefiro beber para esquecer o lugar onde estou, ou que eu não consigo mais enxergar a beleza na feiúra. Nenhuma das três alternativas é nada agradável.

Ando gastando dinheiro demais... o que também é um mau sintoma. A gente sempre espera tirar do bolso aquilo que não consegue tirar da vida.

Resumindo... ando esquecendo de mim. Ando me privando de tudo que poderia ser meu em prol de um "outro" idílico e idealizado, que talvez exista só em sonhos (daqueles sem baratas), e que eu insisto em dizer que eu conheci.

Eu ando fazendo a coisa errada, né? Agora, por exemplo, eu deveria estar dormindo.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Saindo fora... e fechando a porta atrás de mim.

Eis que se passaram dois meses desde que Virgínia, Priscila e Suzane entraram no Cafofo... e nenhum de nós quatro está mais lá. Aquele cafofo está mais vazio do que nunca e, de mim, lá só ficou a persiana, o box do banheiro e o armário da pia... que eu espero que sejam úteis para o próximo ocupante. Certamente vieram comigo algumas lembranças, também... Lembranças de taças de vinho, noites de prazer e planos inconclusos. Mas as lembranças dominantes - depressão, pranto, falta de perspectivas - eu fiz questão de deixar por lá quando eu saí. Espero que não grudem nas paredes como velhos fantasmas e se dissipem na primeira faxina.

Se a pequenez do Cafofo me oprimia, a amplidão da minha casa, ao contrário, amplia meus horizontes. Descobri que é muito mais fácil se sentir só quando se dispõe de quatro paredes apenas, do que quando se tem vários cômodos, múltiplos cafofos entre os quais transitar. Isso deve ser coisa de quem já passou dos 40: sente-se falta de uma certa dignidade, não é mesmo? Que, com essa dignidade, venham novos planos e, quem sabe, que alguns deles dêem certo

Pensei até em encerrar este blog. Mas não... Acaba que, no fundo, o verdadeiro Cafofo não é simplesmente o lugar onde a gente mora, mas o lugar que mora dentro da gente. E aqui eu escrevo coisas que eu não escrevo em outros lugares. Coisas que falam do cafofo dentro de mim e que precisam ser externadas. Portanto, vou deixar uma imagem do velho Cafofo que eu acho que representa bem o que vem de agora em diante. Uma foto que eu tirei da janela, no meu último dia lá... Novos horizontes!