segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O velho diário

É interessante encontrar este lugar intocado, depois de quase um ano, como o "velho diário perdido na areia" da música do Vander Lee. Aliás, chega a ser estranho descobrir que já faz mais de um ano - ou que só faz um ano - que eu saí daquele cafofo...

Afinal, tanta coisa aconteceu, tanta coisa mudou, que eu acho que vivenciei algo que eu só conhecia na teoria da História: o distanciamento entre espaço de experiência e horizonte de expectativa. Por tudo que rolava comigo naquele 19 de outubro, nada podia me fazer imaginar como seria o 19 de janeiro seguinte, por exemplo, ou como poderia ser este quase 29 de setembro. Por outro lado, essa sensação de aceleração ainda faz aquele tempo me parecer muito próximo...

Na verdade, um pouco próximo demais. Quase todos os laços que me ligavam ao que eu era em outubro de 2008 foram quebrados. Alguns por mim e outros (os mais doloridos) à minha revelia. Sei que isso deveria representar um alívio na pressão sobre as paredes do cafofo mas, ao que tudo indica, não é bem assim que as coisas acontecem. Na verdade, laços quebrados deixam cacos, e, num cafofo, esses cacos não são jogados fora, apenas varridos para baixo do tapete.

Talvez por isso mesmo eu acabe, quase um ano depois, voltando aqui. Se o velho diário estava perdido na areia, eu pelo menos marquei o lugar onde o enterrei. De vez em quando ele pode ser útil, caso algumas mágoas precisem ser também enterradas.